07 dezembro 2013
06 dezembro 2013
R.I.P. Nelson Mandela (1918 - 2013)
De uma carta para Winnie Mandela, escrita na prisão de Kroonstad, datada de 1º de fevereiro de 1975.
...a cela é um lugar ideal para aprendermos a nos conhecer, para se vasculhar realística e regularmente os processos da mente e dos sentimentos. Ao avaliarmos nosso progresso como indivíduos, tendemos a nos concentrar em fatores externos , como posição social, influência e popularidade, riqueza e nível de instrução. Certamente são dados importantes para se medir o sucesso nas questões materiais, e é perfeitamente compreensível que tantas pessoas se esforcem tanto para obter todos eles. Mas fatores internos são ainda mais decisivos no julgamento do nosso desenvolvimento como seres humanos. Honestidade, sinceridade, simplicidade, humildade, generosidade pura, ausência de vaidade, disposição para ajudar os outros - qualidades facilmente alcançáveis por todo indivíduo - são os fundamentos da vida espiritual.
...a cela é um lugar ideal para aprendermos a nos conhecer, para se vasculhar realística e regularmente os processos da mente e dos sentimentos. Ao avaliarmos nosso progresso como indivíduos, tendemos a nos concentrar em fatores externos , como posição social, influência e popularidade, riqueza e nível de instrução. Certamente são dados importantes para se medir o sucesso nas questões materiais, e é perfeitamente compreensível que tantas pessoas se esforcem tanto para obter todos eles. Mas fatores internos são ainda mais decisivos no julgamento do nosso desenvolvimento como seres humanos. Honestidade, sinceridade, simplicidade, humildade, generosidade pura, ausência de vaidade, disposição para ajudar os outros - qualidades facilmente alcançáveis por todo indivíduo - são os fundamentos da vida espiritual.
O desenvolvimento de questões dessa natureza é inconcebível sem uma séria introspecção, sem o conhecimento de nós mesmos, de nossas fraquezas e nossos erros. Pelo menos - ainda que seja a única vantagem - a cela de uma prisão nos dá a oportunidade de examinarmos diariamente toda a nossa conduta, de superarmos o mal e desenvolvermos o que há de bom em nós. A meditação diária, de uns 15 minutos antes de nos levantarmos, é muito produtiva nesse aspecto. A princípio, pode ser difícil identificar os aspectos negativos em sua vida, mas a décima tentativa pode trazer valiosas recompensas.
Do livro Nelson Mandela - Conversas que Tive Comigo.
05 dezembro 2013
sujeito indireto - Leminski
Quem dera eu achasse um jeito
de fazer tudo perfeito,
feito a coisa fosse o projeto
e tudo já nascesse satisfeito.
Quem dera eu visse o outro lado,
o lado de lá, lado do meio,
onde o triângulo é quadrado
e o torto parece direito.
Quem dera um ângulo reto.
Já começo a ficar cheio
de não saber quando eu falto,
de ser, mim, indireto sujeito.
de fazer tudo perfeito,
feito a coisa fosse o projeto
e tudo já nascesse satisfeito.
Quem dera eu visse o outro lado,
o lado de lá, lado do meio,
onde o triângulo é quadrado
e o torto parece direito.
Quem dera um ângulo reto.
Já começo a ficar cheio
de não saber quando eu falto,
de ser, mim, indireto sujeito.
01 dezembro 2013
27 novembro 2013
10 novembro 2013
07 novembro 2013
28 outubro 2013
05 outubro 2013
25 setembro 2013
20 setembro 2013
18 setembro 2013
Quando me amei de verdade - Kim Mcmillen
Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato.
E,então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome...Auto-estima.
Quando me amei de verdade, pude perceber que a minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra as minhas verdades.
Hoje sei que isso é...Autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de...Amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém, apenas para realizar aquilo que se deseja, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é...Respeito.
Quando me amei de verdade, comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável. Isto quer dizer: pessoas, tarefas, crenças, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo.
De início, minha razão chamou isso de egoísmo.
Hoje sei que se chama...Amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que eu gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é...Simplicidade
Quando me amei de verdade, desisti de querer ter sempre razão e, com isso, errei muito menos.
Descobri a...Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro.
Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez.
Isso é...Plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que a minha mente pode me atormentar e me decepcionar.
Mas quando eu a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa ajuda.
Isso é...Saber viver.
E,então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome...Auto-estima.
Quando me amei de verdade, pude perceber que a minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra as minhas verdades.
Hoje sei que isso é...Autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de...Amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém, apenas para realizar aquilo que se deseja, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é...Respeito.
Quando me amei de verdade, comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável. Isto quer dizer: pessoas, tarefas, crenças, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo.
De início, minha razão chamou isso de egoísmo.
Hoje sei que se chama...Amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que eu gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é...Simplicidade
Quando me amei de verdade, desisti de querer ter sempre razão e, com isso, errei muito menos.
Descobri a...Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro.
Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez.
Isso é...Plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que a minha mente pode me atormentar e me decepcionar.
Mas quando eu a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa ajuda.
Isso é...Saber viver.
29 agosto 2013
27 agosto 2013
21 agosto 2013
18 agosto 2013
16 agosto 2013
Parada Cardíaca - Paulo Leminski
Essa minha secura
essa falta de sentimento
não tem ninguém que segure
vem de dentro
Vem da zona escura
donde vem o que sinto
sinto muito
sentir é muito lento
essa falta de sentimento
não tem ninguém que segure
vem de dentro
Vem da zona escura
donde vem o que sinto
sinto muito
sentir é muito lento
09 agosto 2013
Cruzou por mim, veio ter comigo, numa rua da baixa - Fernando Pessoa
Cruzou
por mim, veio ter comigo, numa rua da Baixa
Aquele
homem mal vestido, pedinte por profissão que se lhe vê na cara,
Que
simpatiza comigo e eu simpatizo com ele;
E
reciprocamente, num gesto largo, transbordante, dei-lhe tudo quanto tinha
(Exceto,
naturalmente, o que estava na algibeira onde trago mais dinheiro:
Não
sou parvo nem romancista russo, aplicado,
E
romantismo, sim, mas devagar...).
Sinto
uma simpatia por essa gente toda,
Sobretudo
quando não merece simpatia.
Sim,
eu sou também vadio e pedinte,
E
sou-o também por minha culpa.
Ser
vadio e pedinte não é ser vadio e pedinte:
E'
estar ao lado da escala social,
E'
não ser adaptável às normas da
vida,
'As
normas reais ou sentimentais da vida -
Não
ser Juiz do Supremo, empregado certo, prostituta,
Não
ser pobre a valer, operário explorado,
Não
ser doente de uma doença incurável,
Não
ser sedento da justiça, ou capitão de cavalaria,
Não
ser, enfim, aquelas pessoas sociais dos novelistas
Que
se fartam de letras porque tem razão para chorar lagrimas,
E
se revoltam contra a vida social porque tem razão para isso supor.
Não:
tudo menos ter razão!
Tudo
menos importar-se com a humanidade!
Tudo
menos ceder ao humanitarismo!
De
que serve uma sensação se ha uma razão exterior a ela?
Sim,
ser vadio e pedinte, como eu sou,
Não
é ser vadio e pedinte, o que é corrente:
E'
ser isolado na alma, e isso é que é ser vadio,
E'
ter que pedir aos dias que passem, e nos deixem, e isso é que é ser pedinte.
Tudo
o mais é estúpido como um Dostoiewski ou um Gorki.
Tudo
o mais é ter fome ou não ter o que vestir.
E,
mesmo que isso aconteça, isso acontece a tanta gente
Que
nem vale a pena ter pena da gente a quem isso acontece.
Sou
vadio e pedinte a valer, isto é, no sentido translato,
E
estou-me rebolando numa grande caridade por mim.
Coitado
do Álvaro de Campos!
Tão
isolado na vida! Tão deprimido nas sensações!
Coitado
dele, enfiado na poltrona da sua melancolia!
Coitado
dele, que com lagrimas (autenticas) nos olhos,
Deu
hoje, num gesto largo, liberal e moscovita,
Tudo
quanto tinha, na algibeira em que tinha olhos tristes por profissão
Coitado
do Álvaro de Campos, com quem ninguém se importa!
Coitado
dele que tem tanta pena de si mesmo!
E,
sim, coitado dele!
Mais
coitado dele que de muitos que são vadios e vadiam,
Que
são pedintes e pedem,
Porque
a alma humana é um abismo.
Eu
é que sei. Coitado dele!
Que
bom poder-me revoltar num comício dentro de minha alma!
Mas
até nem parvo sou!
Nem
tenho a defesa de poder ter opiniões sociais.
Não
tenho, mesmo, defesa nenhuma: sou lúcido.
Não
me queiram converter a convicção: sou lúcido!
Já
disse: sou lúcido.
Nada
de estéticas com coração: sou lúcido.
Merda!
Sou lúcido.
05 agosto 2013
04 agosto 2013
20 julho 2013
Seis Séculos de Pintura Chinesa - Pinacoteca
A falésia vermelha, entre 1490 e 1559
When Zhengming (1470- 1559)
nanquim e cores sobre papel
Inscrição e
assinatura: No décimo sexto dia da sétima lua do ano Renxu [1082], fui em um
barco com alguns companheiros ao pé da falésia vermelha. Um vento fresco
soprava levemente e não levantava nenhuma onda. Ergui minha caneca para
convidar meus amigos a beber e recitei um poema no qual uma lua brilhava, era
uma canção muito bonita. Pouco depois, a lua subiu no alto da montanha do
leste; ela hesitava entre a grande Ursa e a estrela do Boieiro. Um orvalho
branco recobria o rio e o brilho da água se juntava ao céu. Não sabíamos onde
estávamos, mas tínhamos a impressão de voar como se abandonássemos o mundo
humano, como se asas tivessem nascido em nós, e subíamos, como se fôssemos
imortais.
Começamos então
a beber e fomos contagiados por uma grande felicidade. Cantávamos ao longo do
barco, entoando o ritmo. Nossa música dizia: “Revestimento de caneleira, ramas
de magnólia. Atravessamos uma água clara e transparente e subimos a brilhante
correnteza. Meus pensamentos partem para longe e meu olhar se voltam para uma
linda mulher que se encontra num pedaço do céu”. Um de nossos companheiros
tocava gaita para nós. Sua música melodiosa também tinha um pouco de rancor e
de ressentimento; dir-se-ia que ele chorava e se lamentava; e o som prosseguia
como um fio que se estende sem se romper.
Talvez
ele fizesse dançar um dragão escondido no fundo das grutas sombrias e fizesse
chorar uma viúva sozinha no barco solitário. Fiquei muito triste com aquilo e,
arrumando meu casaco e endireitando-me em meu lugar, perguntei ao músico: “Por
que essa melodia?”. E ele me respondeu: “A lua brilha, as estrelas são raras,
as gralhas voam para o sul: não estariam aí os versos de Cao Cao? Se olhamos em
direção ao oeste, vemos Xiakou, em direção ao leste, Wuchang; montanhas e rio
se juntam em um lúgubre verde escuro; não seria aqui que Cao Cao fora derrotado
por Zhou Yu? Ele havia capturado Jingzhou e descido o rio até Jiangling. Seus
barcos, que seguiam a correnteza em direção ao leste, espalhavam-se em mil
léguas, e seus estandartes escondiam a vista do véu. Ele se serviu de vinho,
aproximou-se do rio e, segurando uma alabarda, compôs esse poema. Certamente,
ele foi o herói de toda uma geração, mas onde ele se encontra hoje? Ou, ainda,
o que vai acontecer com vocês, comigo, pescadores e lenhadores à beira do rio,
conosco, que temos peixes e camarões como companheiros, a corça e o cervo como
amigos, que prosseguimos em um esquife parecido a uma folha, que erguemos
cantis e canecas convidando-nos uns aos outros a beber? Fomos enviados ao
universo como seres efêmeros e mariposas, grãos de arroz no oceano. Fico triste
com o breve destino de minha vida, invejo o infinito do longo do rio, queria
voar seguindo os imortais, enlaçar a lua e durar o mesmo tempo que ela. Mas sei
que isso é impossível, e confio minha melodia ao triste vento”.
Eu
respondi: “Você também conhece a água e a lua? Elas passam como essa
correnteza, mas nunca vão embora. O cheio e o vazio são como elas, e
finalmente, não existe morte nem continuação. Se pensarmos no que de nós mesmos
se transforma no universo, nada permanece, nem mesmo o tempo de um piscar de
olhos; e se considerarmos o que continua sem se transformar, então tudo é
infinito, inclusive eu. O que devemos invejar então? Além disso, no mundo, cada
coisa tem um mestre. Se alguma coisa não me pertence, não posso segurá-la. Mas
a brisa sobre o rio, a lua sobre as montanhas que meus sentidos transformam em
som e em cores, nada me impede que eu absorva essas coisas, e posso aproveitar
isso infinitamente. É um tesouro imensurável da criação, este de que eu e você
podemos gozar juntos.”
Todos
os meus companheiros puseram-se a rir. Tínhamos lavado as canecas e voltamos a
beber; quando terminamos a carne e as frutas, as taças e o pratos estavam
desarrumados. Servindo-nos todos de travesseiros, dormimos no barco sem nos
darmos conta de que o leste embranquecia.
Escrito
por Zhengming, no ano Renzi [1552]
19 julho 2013
01 julho 2013
25 junho 2013
O Crepúsculo da Noite - Charles Baudelaire
O dia acaba. Uma grande paz surge nos pobres espíritos fatigados pelo
trabalho da jornada e seus pensamentos tomam agora as cores ternas e indecisas
do crepúsculo.
Entretanto, do alto da montanha chega à minha sacada, através das
nuvens transparentes da tarde, um grande uivo, composto por uma multidão de
gritos discordantes que o espaço transforma em lúgubre harmonia, como a da maré
que sobe ou a ameaça de uma tempestade.
Quem são os desditosos que a tarde não acalma e que tomam, como as
corujas, a chegada da noite como um sinal do sabá? Esta sinistra ululação nos
chega do negro hospício empoleirado sobre a montanha; e à tarde, fumando e
contemplando o repouso do imenso vale, arrepiado de casas onde cada janela diz:
“A paz agora está aqui, está aqui a alegria da família”, eu posso, quando o
vento sopra do alto, embalar meus pensamentos assombrados por essa imitação das
harmonias do inferno.
O crepúsculo excita os loucos. Lembro-me que tinha dois amigos que o
crepúsculo tornava doentes. Um passou a desconhecer todas as relações de
amizade e de polidez, e maltratava, como um selvagem, o primeiro que
aparecesse. ‘Vi-o jogar na cabeça de um maître de hotel um excelente frango, em
que ele via não sei qual hieróglifo insultante. A noite, precursora de
profundas volúpias, para ele estragava as coisas mais suculentas!
O outro, um ambicioso frustrado, tornava-se, à medida que o dia
baixava, mais azedo, mais sombrio, mais impertinente. Indulgente e sociável
durante o dia, ficava impiedoso à noite, e exercia, raivosamente, suas manias
crepusculares não somente em relação aos outros, mas, também, consigo próprio.
O primeiro morreu louco, incapaz de reconhecer sua mulher e o filho; o
segundo leva em si a inquietude de um mal-estar perpétuo, e mesmo se fosse
gratificado com todas as honras que possam conferir as repúblicas e os
príncipes, creio que o crepúsculo acenderia ainda nele o ardente desejo de
receber distinções imaginárias. À noite, que introduzia trevas em seu espírito,
iluminava o meu, e, ainda que seja raro ver-se a mesma causa engendrar dois
efeitos contrários, deixa-me sempre como que intrigado e alarmado.
Ó noite! Ó refrescantes trevas! Vós sois para mim o sinal de uma festa
interior, vós sois a redenção de uma angústia! Na solidão das planícies, nos
labirintos pedregosos de uma capital, a cintilação das estrelas, a explosão das
lanternas, vós sois o fogo de artifício da deusa Liberdade!
Crepúsculo, como sois doce e terno! Os clarões róseos que se arrastam
ainda no horizonte, como a agonia do dia sob a opressão vitoriosa da sua noite,
os fogos dos candelabros que criam manchas de um vermelho opaco sobre as
últimas glórias do poente, os pesados cortinados que uma mão invisível atrai das
profundezas do Oriente, imitam todos os sentimentos complicados que lutam no
coração do homem nas horas solenes de sua vida.
Dir-se-ia, ainda, uma dessas vestes estranhas de dançarinas, onde uma
gaze transparente e sombria deixa entrever os esplendores amortecidos de uma
saia deslumbrante, como sob o negro presente transparece o delicioso passado; e
as estrelas vacilantes, de ouro e prata, dos quais é semeada, representam estes
fogos da fantasia que só se iluminam bem sob o luto fechado da Noite.
14 junho 2013
09 junho 2013
05 junho 2013
La Pianiste - Michael Haneke (2002)
Os cães latem.
♫ ♫ ♫ ♫ ♫ ♫ ♫
Chocalham suas correntes.
♫ ♫ ♫ ♫ ♫ ♫ ♫ ♫ ♫ ♫ ♫ ♫
E as pessoas dormem.
♫ ♫ ♫ ♫ ♫ ♫ ♫ ♫ ♫
Em suas camas.
♫ ♫ ♫ ♫ ♫
01 junho 2013
29 maio 2013
24 maio 2013
23 maio 2013
20 abril 2013
Riposi In Pace - TEDDY (o cãozinho mais amado do mundo)
08 abril 2013
27 março 2013
Já me matei - Paulo Leminski
já me matei faz muito tempo
me matei quando o tempo era escasso
e o que havia entre o tempo e o espaço
era o de sempre
nunca mesmo o sempre passo
morrer faz bem à vista e ao baço
melhora o ritmo do pulso
e clareia a alma
morrer de vez em quando
é a única coisa que me acalma
10 fevereiro 2013
Casa Arrumada - Carlos Drummond de Andrade
(Pintura: Romero Britto)
Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação
e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário
de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os
móveis, afofando as almofadas.
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida.
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e
os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso,
pelo abuso das refeições fartas,
que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da
tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e
vela de aniversário, tudo junto.
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos, netos, pros vizinhos.
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou
namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias.
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela.
E reconhecer nela o seu lugar.
29 janeiro 2013
E a Vida Passa - Cecília Meireles
Hoje me dei conta de que as
pessoas vivem a esperar por algo
E quando surge uma oportunidade
Se dizem confusas e despreparadas
Sentem que não merecem
Que o tempo certo ainda não chegou
E a vida passa
E os momentos se acumulam
como papéis sobre uma mesa
Estamos nos preparando para qualquer coisa
Mas ainda não aprendemos a viver
A arriscar por aquilo que queremos
A sentir aquilo que sonhamos
E assim adiamos nossas
vidas por tempo indeterminado
Até que a vida se encarregue
de decidir por nós mesmos
E percebemos o quanto perdemos
E o tanto que poderíamos ter evitado
Como somos tolos em nossos
pensamentos limitados
Em nossas emoções contidas
Em nossas ações determinadas
O ser humano se prende em si mesmo
Por medo e desconfiança
Vive como coisa
Num mundo de coisas
O tempo esperado é o agora
Sua consciência lhe direciona
Seus sentidos lhe alertam
E suas emoções não
mais são desprezadas
Antes que tudo acabe
É preciso fazer iniciar
Mesmo com dor e sofrimento
Antes arriscar do que apenas sonhar.
26 janeiro 2013
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