10 dezembro 2012
Ismália - Alphonsus de Guimaraens
Quando Ismália enlouqueceu
Pôs-se na torre a sonhar
Viu uma lua no céu
Viu uma lua no mar
No sonho em que se perdeu
Banhou-se toda em luar
Queria subir aos céus
Queria descer ao mar
E, no desvario seu
Na torre pôs-se a cantar
Estava perto do céu
Estava longe do mar
E como um anjo pendeu
As asas para voar
Queria a lua do céu
Queria a lua do mar
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par
Sua alma subiu ao céu
Seu corpo desceu ao mar
14 outubro 2012
Desabrigado como a tarântula - Charles Bukowski
eles não vão te deixar
sentar-se na frente de uma mesa
em algum café na Europa
no sol do meio da tarde.
se você fizer isso, alguém irá
ao seu encontro e
pulverizará suas entranhas com uma
metralhadora de mão.
eles não vão te deixar
sentir-se bem
por muito tempo
em qualquer lugar.
as forças não vão te
deixar sentar-se por aí
pouco se fodendo e
relaxando.
você tem que fazer
do jeito deles.
o infeliz, o amargo e
o vingativo
precisa da
correção deles - o que é
você ou alguém
qualquer um
em agonia, ou
melhor ainda
morto, jogado dentro de algum
buraco.
desde que existam
humanos
nunca haverá
nenhuma paz
para nenhum indivíduo
nessa terra ou
qualquer outro lugar
que eles talvez
escapem.
tudo que você pode fazer
é talvez agarrar
dez minutos de sorte
aqui
ou talvez uma hora
lá.
algo
está trabalhando para você
nesse exato momento, e
eu quero dizer você
e ninguém além de você.
25 julho 2012
Melancolia (in O amor é um cão dos diabos) - Charles Bukowski
a história da melancolia
inclui a todos nós.
eu, eu escrevo em folhas sujas
enquanto encaro fixamente as paredes azuis
e o nada.
estou tão acostumado à melancolia
que
a cumprimento como uma velha amiga.
farei agora 15 minutos de sofrimento
pela ruiva perdida,
digo aos deuses.
faço isso e me sinto um tanto mal
bastante triste,
então me levanto
REVIGORADO
mesmo sabendo que nada está
resolvido.
isto é o que ganho por chutar
a religião no rabo.
deveria ter chutado o rabo
da ruiva
onde estão seu cérebro e seu pão com
manteiga
na...
mas não, eu estava me sentindo triste
com tudo:
a ruiva perdida foi apenas outro
golpe numa longa vida
de perdas...
escuto uns tambores no rádio agora
e dou uma risada.
há alguma coisa errada comigo
além da melancolia.
17 junho 2012
A Dor de Amar
Amor
Por que parou?
Angústia
Por que voltou?
Quero de volta
O sentido
Da vida
Quero de volta
Sentir
Você ao meu lado
Hoje,
Caminhei sozinha
E a solidão
Voltou a me rondar
Trazendo-me novamente
A dor que é amar.
14 junho 2012
Soneto da Separação - Vinicius de Moraes
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
07 junho 2012
30 maio 2012
Retrato - Cecília Meireles
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
.....
Em que espelho ficou perdida a minha face?
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